Xameçadim Abdu Abdalá Maomé Ibn Maomé Ibn Ibrahim Alutaji Atanji (Ibn Battuta)
![Xameçadim Abdu Abdalá Maomé Ibn Maomé Ibn Ibrahim Alutaji Atanji (Ibn Battuta)](https://centralnumismatica.com.br/media/magefan_blog/Ibn_Battuta_Mall_on_2_June_2007_Pict_3.jpg)
Xameçadim Abdu Abdalá Maomé Ibn Maomé Ibn Ibrahim Alutaji Atanji (Ibn Battuta)
Data de nascimento: 24 de fevereiro de 1304
Local de nascimento: Tânger, no atual Marrocos
Pouco se sabe sobre os primeiros anos de vida de Ibn Battuta. Ele nasceu em uma família de estudiosos das leis islâmicas, e desde jovem estudou jurisprudência muçulmana na escola sunita maliquita, uma das principais escolas de direito islâmico da época, predominante no Norte da África. Esses conhecimentos foram essenciais em sua carreira como Cádi (juiz da lei islâmica), especialmente durante sua estadia no Sultanato de Déli.
Em junho de 1325, Ibn Battuta deixou sua cidade natal em uma peregrinação a Meca, uma jornada que deveria durar cerca de 16 meses, mas acabou se estendendo por 24 anos. Ele viajou por terra, contornando a costa norte da África, sempre preferindo a segurança das caravanas. Passou dois meses em Túnis e, durante sua estadia na cidade de Sfax, casou-se pela primeira vez. Em 1326, chegou a Alexandria, no Sultanato do Cairo, onde visitou diversos locais importantes e permaneceu por mais de um mês no Cairo. Aproveitando a estabilidade do Sultanato Mameluco, começou suas inúmeras viagens.
Ibn Battuta escolheu uma rota menos usual para Meca, percorrendo o vale do Nilo até Aidade, no Mar Vermelho. Contudo, uma rebelião o forçou a retornar ao Cairo. Em seguida, seguiu para Damasco, na Síria, visitando locais sagrados como Hebrom, Jerusalém e Belém. Após o Ramadã, partiu de Damasco para Medina, antes de finalmente chegar a Meca.
Após completar sua primeira peregrinação, Ibn Battuta continuou suas viagens, explorando os territórios do Ilcanato, que correspondem ao atual Iraque e partes do Irã. Em Najafe, visitou o mausoléu do califa Ali, reverenciado pelos muçulmanos xiitas. Ele se desviou da caravana que seguia para Bagdá, explorando a Pérsia e a cidade de Shiraz, então devastada pelos mongóis. Depois, chegou a Bagdá e seguiu rumo ao norte, viajando pela Rota da Seda. Ele descreveu as ruínas deixadas pelos mongóis em Bukhara e atuou como Cádi no Sultanato de Déli, onde seus conhecimentos jurídicos foram bastante apreciados. Posteriormente, retornou a Bagdá e viajou pelo Rio Tigre, passando por Mosul e cruzando o deserto da Arábia até Meca, onde chegou doente após sua segunda peregrinação.
Em 1351, partiu de Fez, no atual Marrocos, em direção ao Império do Mali, onde visitou a famosa cidade de Tombuctu. Finalmente, retornou a sua terra natal em 1354.
Durante suas viagens, que somaram cerca de 120 mil quilômetros, Ibn Battuta enfrentou inúmeros desafios: adoeceu diversas vezes, sobreviveu a uma tempestade de areia na Anatólia, foi capturado por bandidos na Índia e quase executado pelo sultão de Déli. Ele também foi ferido por piratas e sofreu um naufrágio no Oceano Índico. Assim como Marco Polo, alguns de seus relatos foram questionados, como a menção a um povo com cabeças de cachorro na Índia e sua passagem pela Crimeia.
Ibn Battuta faleceu em Marrakesh, Marrocos, em 1377, embora a data exata seja desconhecida. Mesmo com algumas dúvidas sobre certos aspectos de seus relatos, suas jornadas são impressionantes, consolidando-o como um dos maiores viajantes da história, talvez o primeiro grande mochileiro.
Material produzido por Félix Eduardo Bischoff