Maria Teresa Valburga Amália Cristina

Maria Teresa Valburga Amália Cristina

Nascimento: 13/05/1717, Viena, Áustria

Maria Teresa nasceu no Palácio Imperial de Hofburg, em Viena, como a segunda filha do imperador Carlos VI e de Isabel Cristina de Brunswick-Wolfenbüttel. Seu nascimento ocorreu pouco após a morte de seu irmão, Leopoldo João, o herdeiro ao trono, o que gerou grande decepção para seu pai, pois Carlos VI era o último homem da Casa de Habsburgo e esperava um filho que garantisse a continuidade da dinastia. Essa frustração foi compartilhada por boa parte da população vienense.

Para assegurar a sucessão de sua linhagem, Carlos VI instituiu a Pragmática Sanção de 1713, colocando suas filhas à frente de outros parentes na linha sucessória. Maria Teresa teve ainda duas irmãs: Maria Ana e Maria Amália.

Criada nos grandiosos palácios austríacos, Maria Teresa era uma criança séria e reservada, apreciava o canto e a prática de arco e flecha. Embora impedida pelo pai de cavalgar, aprendeu o básico da equitação. Sua educação ficou a cargo de padres jesuítas, cuja metodologia foi alvo de críticas contemporâneas, pois era voltada apenas para prepará-la como rainha consorte. Apesar disso, acompanhava o pai nas reuniões do Conselho de Estado, embora Carlos VI nunca discutisse assuntos políticos com ela.

Aos 16 anos, seu casamento arranjado com Leopoldo Clemente de Lorena foi cancelado devido à morte do noivo por varíola. Em 12/02/1736, casou-se com Francisco Estêvão de Lorena, irmão de Leopoldo Clemente. Desenvolveu um amor intenso e possessivo pelo marido, mas sofreu com as infidelidades dele, que foram uma fonte constante de desentendimentos.

Ascensão ao Trono e Guerras

Em 20/10/1740, com a morte de Carlos VI, Maria Teresa assumiu o trono austríaco, apesar de ter pouco conhecimento sobre os assuntos de Estado. Seguindo o conselho do pai, manteve os mesmos ministros e delegou parte das responsabilidades ao marido, considerado mais experiente. No entanto, rapidamente começou a consolidar seu poder e, como o Sacro Império Romano-Germânico não permitia a ascensão de uma mulher ao trono, lutou para que Francisco Estêvão fosse eleito imperador – o que conseguiu em 1745.

A sucessão não ocorreu sem desafios. Diversos estados que haviam reconhecido sua reivindicação ao trono renegaram o compromisso, e a Guerra de Sucessão Austríaca (1740-1748) teve início com a invasão da Silésia por Frederico II da Prússia. Os austríacos sofreram uma derrota esmagadora na Batalha de Mollwitz, e um plano liderado pela França visava desmembrar os domínios dos Habsburgo. Maria Teresa enfrentou ainda a eleição de Carlos Alberto da Baviera como Sacro Imperador, um revés político significativo.

Já em 1756, teve início a Guerra dos Sete Anos, em que a Áustria formou uma nova aliança com França e Espanha contra a Prússia e a Grã-Bretanha. Embora tenha sofrido derrotas iniciais, a guerra foi se equilibrando, e os tratados de paz de 1763 garantiram a manutenção do status quo para a Áustria, embora a Silésia tenha permanecido sob domínio prussiano.

Reformas e Últimos Anos

Apesar de ser extremamente conservadora tanto nos assuntos religiosos quanto no governo, Maria Teresa realizou importantes reformas administrativas e militares. Reorganizou a burocracia, modernizou o exército e impulsionou a economia. Em 1766, instituiu a regulamentação dos direitos civis na Áustria e decretou o pagamento obrigatório pelo trabalho dos servos em suas terras.

A perda de seu marido, Francisco I, em 18/08/1765, foi um duro golpe que a abalou profundamente. Seu relacionamento com o filho e sucessor, José II, tornou-se tenso, e ela chegou a cogitar abdicar do trono. Apesar disso, manteve-se ativa politicamente e se opôs à partilha da Polônia.

Nos últimos anos de vida, Maria Teresa enfrentou diversos problemas de saúde, incluindo fadiga, insônia e falta de ar. Em 1767, sobreviveu a um surto de varíola, mas em novembro de 1780 adoeceu gravemente, aparentemente devido a um resfriado, e faleceu em 29/11/1780, aos 63 anos.

Material produzido por Félix Eduardo Bischoff