Jean-Bédel Bokassa

Jean-Bédel Bokassa
Nascimento: 22 de fevereiro de 1921 – Bobangui, Ubangui-Chari, África Equatorial Francesa
Falecimento: 3 de novembro de 1996 – Bangui, República Centro-Africana
Jean-Bédel Bokassa nasceu em 1921 na aldeia de Bobangui, no então território da África Equatorial Francesa, hoje República Centro-Africana. Filho de um chefe tribal, alistou-se no exército colonial francês em 1939, aos 18 anos. Serviu com distinção na Segunda Guerra Mundial, lutando ao lado das Forças Francesas Livres, e posteriormente na Primeira Guerra da Indochina, onde alcançou a patente de capitão.
Com a descolonização e a independência de Ubangui-Chari em 1958, o país tornou-se a República Centro-Africana em 13 de agosto de 1960. O primeiro presidente, David Dacko — um primo distante de Bokassa —, nomeou-o chefe das forças armadas.
Na virada de 31 de dezembro de 1965 para 1º de janeiro de 1966, Bokassa liderou um golpe de Estado, conhecido como Golpe de São Silvestre, derrubando Dacko e assumindo o controle do país. Consolidou rapidamente o poder e governou como um ditador absoluto, eliminando opositores e instaurando um regime de terror. Apesar de algumas melhorias na infraestrutura e na economia, sua administração ficou marcada por repressão, torturas, execuções sumárias e outras graves violações de direitos humanos.
Em 4 de dezembro de 1976, proclamou-se imperador do recém-criado Império Centro-Africano, adotando o título de Bokassa I. Sua cerimônia de coroação foi inspirada na de Napoleão Bonaparte em 1804, ostentando um trono de bronze, uma coroa avaliada em quase 5 milhões de dólares e uma frota de 60 Mercedes para os convidados. O evento custou aproximadamente 22 milhões de dólares — cerca de um terço do orçamento nacional. Apesar do apoio inicial da França, o novo império não foi reconhecido internacionalmente e mergulhou o país em isolamento e miséria.
O estopim para sua queda ocorreu em 1979, quando Bokassa mandou prender cerca de 300 estudantes que se recusaram a comprar uniformes fabricados por uma empresa controlada por uma de suas esposas. Relatos indicam que pelo menos 100 deles foram executados, supostamente com a supervisão direta do imperador. Em 21 de setembro de 1979, tropas francesas, com apoio de dissidentes locais, depuseram Bokassa e o forçaram ao exílio. Ele deixou o país em colapso financeiro e social.
Exilado inicialmente na Costa do Marfim, foi condenado à morte in absentia em 1980. Viveu na França até 1986, quando retornou à República Centro-Africana e foi preso. Em 1987, recebeu nova sentença de morte, posteriormente comutada para prisão perpétua. Anistiado em 1993, faleceu em Bangui em 1996, aos 75 anos.
Seu governo inspirou diversas obras, incluindo o documentário Ecos de um Império Sombrio, de Werner Herzog, que retrata o terror de seu regime.
Material produzido por Félix Eduardo Bischoff