Manto Mavrogenous

Manto Mavrogenous

Manto Mavrogenous nasceu em 1796 ou 1797 em Trieste, então parte do Império Austríaco (atualmente Itália), em uma família aristocrática influenciada pelo Iluminismo. Desde jovem, estudou filosofia e história da Grécia Antiga em uma faculdade em Trieste e dominava os idiomas italiano, francês e turco.

Em 1809, mudou-se com sua família para a ilha de Paros, no Mar Egeu (atualmente parte da Grécia), onde tomou conhecimento da Filiki Eteria (Sociedade dos Amigos), uma sociedade secreta patriótica grega que planejava a Revolução Grega.

Após a morte de seu pai em 1818, Manto mudou-se para a ilha de Tinos e, quando a luta pela independência começou, seguiu para a vizinha Míconos. Lá, incentivou os líderes locais a aderirem à revolução. Com recursos próprios, equipou e tripulou dois navios para combater os piratas que atacavam Míconos e outras ilhas do arquipélago das Cíclades.

Em 22 de outubro de 1822, sob sua liderança, os habitantes de Míconos repeliram um desembarque de tropas otomanas na ilha. Determinada a apoiar a causa grega, Manto financiou e equipou 150 homens para lutar na campanha do Peloponeso e enviou forças e apoio financeiro à ilha de Samos quando esta foi ameaçada pelos otomanos. Mais tarde, enviou outro contingente de 50 soldados para participar do cerco de uma fortaleza otomana, que acabou caindo para os rebeldes gregos.

Demonstrando grande iniciativa militar e estratégica, organizou uma frota de seis navios e um batalhão de 800 homens, composto por dezesseis companhias de infantaria, para combater os turcos em 1822. Além disso, financiou uma campanha na ilha de Andros e, quando a frota otomana ameaçou as ilhas Cíclades, retornou a Tinos, vendendo seus pertences para recrutar e armar mais combatentes. Seus homens participaram de batalhas em Pelion, Fiótida e Livadeia, na Grécia central.

Manto também exerceu influência política e diplomática, dirigindo um apelo às mulheres de Paris para que apoiassem a luta grega. Em 1823, mudou-se para a Grécia continental para estar no centro da revolução e, nesse período, conheceu Demetrios Ypsilantis, com quem ficou noiva. Sua beleza e bravura a tornaram famosa em toda a Europa, mas sua posição política gerou oposição de figuras influentes. Muitos temiam que a união de duas famílias pró-russas ameaçasse interesses políticos internos.

Em maio de 1823, sua casa foi incendiada e sua fortuna saqueada. Arruinada, mudou-se para Trípoli, onde enfrentou dificuldades e caiu em depressão. Com o passar dos anos, foi afastada dos círculos políticos e exilada em Míconos, onde dedicou-se à escrita de suas memórias.

Quando a guerra terminou, em 1829, foi-lhe concedida uma patente militar honorária e uma habitação em Nafplio. Em 1840, mudou-se para Paros, onde viveu modestamente até sua morte em julho de 1848, sozinha e empobrecida, tendo dedicado toda sua fortuna à luta pela independência grega.

Seu legado é amplamente reconhecido na Grécia: seu nome batiza a praça principal das cidades de Míconos e Paros, além de diversas ruas em todo o país. Em sua homenagem, foram cunhadas duas moedas comemorativas, um filme sobre sua vida foi lançado em 1971 e sua figura estampou a moeda grega de 2 dracmas entre 1988 e 2000.

Material produzido por Félix Eduardo Bischoff