Leopoldo II da Bélgica

Leopoldo Luís Filipe Maria Vítor — Leopoldo II
Nascimento: 09/04/1835, Bruxelas, Bélgica

Leopoldo II era o segundo filho do rei Leopoldo I da Bélgica. Seu irmão mais velho, Luís Filipe, faleceu ainda bebê, com apenas dez meses de idade. Em 1853, Leopoldo casou-se com a arquiduquesa Maria Henriqueta da Áustria, com quem teve quatro filhos. Acredita-se também que tenha tido dois filhos ilegítimos.

Ele subiu ao trono belga em 17 de dezembro de 1865 e ficou conhecido como o "Rei Construtor", devido à sua ampla iniciativa na construção de edifícios públicos em seu reino, a maioria financiada pelos lucros provenientes de sua colônia no Congo.

Leopoldo não se conformava com o papel relativamente pequeno da Bélgica na Europa e sonhava em expandir sua influência através de empreendimentos colonialistas, inclusive com planos para a China. Em 1876, organizou uma conferência geográfica internacional em Bruxelas, que, na prática, serviu para estabelecer as bases de sua própria colônia: o Estado Livre do Congo. Esse domínio não pertencia oficialmente à Bélgica, mas ao próprio Leopoldo, que o adquiriu sob a fachada de uma instituição beneficente.

Ao longo dos anos, o regime imposto por Leopoldo no Congo se revelou brutal. Ele esteve envolvido ativamente na Conferência de Berlim em 1885, onde as potências europeias dividiram o continente africano entre si. Como resultado, Leopoldo tomou posse de um território de aproximadamente dois milhões de quilômetros quadrados, que administrou pessoalmente, usando uma entidade de fachada.

Em 1890, o governo do Estado Livre do Congo limitou o acesso de estrangeiros à colônia, intensificando a exploração de seus recursos naturais, especialmente a borracha. Ignorando os compromissos assumidos em Berlim, que incluíam o combate à escravidão e a promoção do livre comércio, Leopoldo emitiu decretos confiscando terras e vilarejos congoleses, impondo o trabalho forçado para maximizar seus lucros. Ele criou a Força Pública, um exército composto por militares e mercenários, que tinha amplos poderes para punir os nativos que não atingissem as cotas de produção, aplicando retaliações brutais, incluindo assassinatos e mutilações. A Força Pública também realizava o sequestro de mulheres e crianças, visando garantir o cumprimento das exigências de trabalho pelos habitantes locais.

Em 1908, após numerosas denúncias de atrocidades e sob intensa pressão internacional, o parlamento belga interveio e retirou de Leopoldo o controle da colônia. A área foi renomeada como Congo Belga, e iniciou-se um esforço para reverter o regime de terror que havia sido instaurado. Ironia trágica, um número incalculável de mortos, torturados e mutilados sofreu sob as mãos de um soberano que jamais visitou sua colônia. Leopoldo II faleceu em 17 de dezembro de 1909, um ano após perder seu lucrativo domínio e um dia após o aniversário de sua coroação, aos 74 anos.

Material produzido por Félix Eduardo Bischoff