Manuel Mariano Melgarejo Valencia

Manuel Mariano Melgarejo Valencia: A Ascensão e Queda de um Ditador Implacável

Infância e Início da Carreira Militar:

  • Nascido em Tarata, Cochabamba, em 13 de abril de 1820, Manuel Mariano Melgarejo Valencia era filho ilegítimo do espanhol Ignacio Valencia e Lorenza Melgarejo. Não reconhecido pelo pai, ele usou o sobrenome da mãe e passou a infância em uma humilde casa em Tarata.
  • Aos 16 anos, Melgarejo ingressou no exército boliviano como soldado raso. Esteve presente em diversas batalhas da Guerra da Confederação Peruano-Boliviana (1836-1839), sendo promovido a sargento ao final do conflito.
  • Em 1841, lutou na guerra entre Peru e Bolívia e foi promovido a segundo tenente por seu desempenho.
  • O presidente José Ballivián Segurola, buscando garantir seu governo, o manteve ao seu lado. No entanto, a conduta e o alcoolismo de Melgarejo o levaram para as fronteiras do país.

Ascensão ao Poder e Governo Autoritário:

  • A carreira militar de Melgarejo foi marcada por constante ascensão, devido a atos de bravura e adulações a seus superiores.
  • Aos 37 anos, era tenente-coronel. Dois anos depois, foi promovido a coronel. Em 1862, aos 42 anos, foi nomeado general pelo presidente José María Achá, a quem derrubaria em 1864.
  • Em 1854, como capitão, Melgarejo liderou um motim em Santa Cruz de La Sierra. Capturado, foi levado a Cochabamba, julgado e condenado à morte.
  • Graças ao pedido de clemência feito por damas da alta sociedade local, alegando inclusive seu alcoolismo como atenuante (entre elas, a mãe do poeta Néstor Galindo, fuzilado pelo governo de Melgarejo em 1865), Melgarejo foi poupado da pena capital.
  • Esse episódio lhe rendeu notoriedade. Em 1857, participou do golpe que derrubou o presidente Jorge Córdoba e o levou ao posto de coronel. Em 1861, participou de outro golpe, que levou José María Achá ao poder e lhe rendeu a promoção a general em 1862.
  • Em 1864, aproveitando-se da saúde debilitada de Achá, Melgarejo tomou o poder aos 44 anos.
  • Imediatamente, reprimiu violentamente a oposição e violou os direitos da população indígena, expulsando-a de suas terras e cedendo-as a grandes latifundiários.
  • Em 1868, promulgou uma nova constituição, concedendo a si mesmo poderes absolutos sobre a administração pública.
  • Apesar de manifestar solidariedade ao Paraguai, Melgarejo manteve a Bolívia neutra na Guerra do Paraguai (1864-1870). Em 1870, chegou a ordenar a formação de uma força militar para auxiliar a França na Guerra Franco-Prussiana. Ao ser informado do tempo necessário para cruzar o Atlântico, teria dito: "pegariam um atalho".
  • No mesmo ano, esmagou uma revolta em Potosí com extrema crueldade. La Paz, Cochabamba e outras cidades também se rebelaram contra ele. Enfrentando deserções em seu exército, Melgarejo foi completamente derrotado em janeiro de 1871.

Queda e Morte:

  • Fugiu para o Chile e, ao saber que sua concubina Juana Sánchez havia fugido para o Peru com parte de sua riqueza, partiu em sua busca.
  • Desprezado, passou dias em frente à residência de Juana, implorando por sua admissão, até ser morto a tiros por seu ex-cunhado Aurélio Sánchez em 23 de novembro de 1871.

Legado:

  • Manuel Mariano Melgarejo Valencia foi um dos governantes mais autoritários da história da Bolívia. Seu governo foi marcado por extrema violência, repressão política e violação dos direitos humanos.
  • Apesar de sua figura controversa, Melgarejo é considerado um personagem importante na história boliviana, pois seu governo representou o fim do período caudilhista no país.

Material produzido por Félix Eduardo Bischoff