Angelo Giuseppe Roncalli — Papa João XXIII

Angelo Giuseppe Roncalli — Papa João XXIII
Nascimento: 25 de novembro de 1881, em Sotto il Monte, Itália
Angelo Giuseppe Roncalli nasceu em uma família pobre e numerosa da comuna de Sotto il Monte, na região da Lombardia. Foi o terceiro filho entre treze irmãos. Ingressou no seminário de Bérgamo, onde começou a redigir um livro autobiográfico e espiritual, o Diário da Alma, reunindo reflexões que manteve até 1961.
Em 1897, professou a Regra da Ordem Franciscana Secular e, entre 1901 e 1905, estudou no Pontifício Seminário Romano com o auxílio de uma bolsa concedida pela Diocese de Bérgamo. Doutorou-se em Teologia e foi ordenado sacerdote em Roma, no dia 10 de agosto de 1904. No ano seguinte, foi nomeado secretário do bispo de Bérgamo, Dom Giacomo Radini-Tedeschi. Nesse período, também lecionou no seminário local e aprofundou-se na vida e obra de figuras como São Carlos Borromeu, São Francisco de Sales e o Beato Gregório Barbarigo. Seu interesse por São Carlos Borromeu o levou a editar documentos referentes ao Concílio de Trento, projeto que lhe tomou muitos anos e moldou sua visão do Concílio como um evento mais reformador do que reativo ao protestantismo.
Durante a Primeira Guerra Mundial, serviu como sargento do corpo médico e capelão militar. Em 1919, tornou-se diretor espiritual do Seminário de Bérgamo. Em 1921, foi nomeado pelo Papa Bento XV como presidente italiano do Conselho das Obras Pontifícias para a Propagação da Fé. Nessa função, visitou várias dioceses, fortaleceu o contato com ordens missionárias e organizou diversos círculos missionários, aprofundando sua compreensão sobre a realidade das missões católicas ao redor do mundo.
Em 1925, foi nomeado visitador apostólico na Bulgária. Em 1935, tornou-se administrador apostólico do Vicariato de Istambul e delegado apostólico para a Turquia e a Grécia. Durante esse período, cultivou o diálogo com ortodoxos e muçulmanos e teria salvado milhares de judeus da perseguição nazista ao distribuir documentos como permissões de trânsito, certificados de batismo temporário e autorizações para imigração à Palestina. Estima-se que sua atuação tenha contribuído para a salvação de cerca de 24 mil judeus, por meio da intercessão junto ao rei Bóris III da Bulgária e ao embaixador alemão Franz von Papen.
Em 1944, foi nomeado núncio apostólico em Paris, onde auxiliou prisioneiros de guerra, inclusive alemães, e participou das negociações entre a Santa Sé e o governo francês sobre o afastamento de bispos associados ao regime de Vichy.
Elevado a cardeal em 1953, foi nomeado Patriarca de Veneza. Com a morte do Papa Pio XII, em 1958, foi eleito Papa, adotando o nome João XXIII. Seu pontificado foi marcado pelo espírito de abertura, diálogo inter-religioso e ecumenismo. Retirou da liturgia da Sexta-feira Santa as expressões ofensivas aos judeus e reafirmou o decreto de 1949 que proibia os católicos de apoiar o comunismo, chegando a excomungar Fidel Castro em 1962.
Também em 1962, João XXIII convocou o Concílio Vaticano II, que marcou uma nova era de diálogo da Igreja com o mundo contemporâneo. Faleceu em Roma, em 3 de junho de 1963, aos 81 anos, vítima de câncer no estômago.
Conhecido mundialmente como o "Papa Bom", conquistou fiéis e não fiéis com sua bondade, humildade e carisma. Foi canonizado em 2013.
Material produzido por Félix Eduardo Bischoff